Galípolo fala em “juros mais altos por mais tempo”





O atual diretor de Política Monetária e futuro presidente do Banco Central (BC), o economista Gabriel Galípolo, afirmou nesta segunda-feira (2/12) que o atual cenário econômico aponta para “juros mais altos por mais tempo”. A análise foi feita em evento realizado pela corretora XP, em São Paulo.


Galípolo disse que “parece lógico que, para uma economia que se revela mais dinâmica do que se esperava, somado a uma moeda doméstica mais desvalorizada, que isso demande uma política monetária mais contracionista”. “Esse é basicamente o cenário que a gente tem hoje para uma política monetária”, disse.



De acordo com a análise feita pelo futuro presidente do BC, a “questão fiscal perpassou todo o ano”. Ele mencionou o ceticismo do mercado sobre a consistência das regras do arcabouço. “Para além disso, ao olhar para as projeções de resultado primário e da relação entre a dívida pública e o PIB, a gente não enxerga do começo do ano até agora uma alteração tão relevante quanto às mudanças de expectativas de taxa de juros terminal, inflação e crescimento”, afirmou.


“Talvez, a surpresa tenha se dado menos numa despesa adicional, menos num impulso fiscal adicional do ponto de vista de que o governo passou a gastar mais, e mais que, com esse mesmo tamanho de despesa e impulso fiscal, a economia esteja se mostrando mais dinâmica do que se imaginava”, disse. Exemplo do dinamismo, citou o diretor do BC, está no mercado de trabalho, que tem quebrado sucessivos recordes de ocupação.


Efeito da política fiscal


O economista também citou o efeito dos gastos públicos no cenário atual. “A progressividade da política fiscal praticada ao longo deste ano colocou mais dinheiro nas mãos daquelas pessoas que têm uma propensão a consumir mais elevada”, disse Galípolo. “E isso acabou se revelando num dinamismo (da economia) superior ao que se imaginava.”


Para o economista, o cenário internacional também contribuiu para atual quadro. Ele lembrou que “o ano começou com a expectativa de oito cortes dos juros dos Estados Unidos”, algo que não ocorreu. “O que apreciou o dólar frente a outras moedas”, afirmou. “Depois vieram as discussões sobre a eleição de Donald Trump.”






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