São Paulo – A Polícia Militar de São Paulo abriu processo administrativo contra um soldado da corporação pelo suposto furto de uma orquídea em um batalhão na zona norte da capital paulista. Caso seja considerado culpado, o agente pode ser expulso da PM.
O soldado investigado por peculato é o PM Paulo Coutinho, que tem 52 mil seguidores no Instagram e é conhecido na rede social pelo apelido de “Demolidor”. Ele tem o rosto e os braços tatuados e alega que está sendo vítima de perseguição dentro da corporação.
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O caso foi revelado pelo jornal Folha de S. Paulo e confirmada pelo Metrópoles. O suposto furto da orquídea aconteceu em fevereiro de 2022.
Segundo a acusação, Coutinho teria levado a flor enquanto trabalhava na manutenção do jardim do 9º Batalhão de Polícia Militar, no Tucuruvi, zona norte de São Paulo.
Depois, o PM teria entrado com a orquídea no alojamento e a escondido atrás de um extintor de incêndio no refeitório. A entrada dele com a planta no alojamento e no refeitório teria sido filmada por câmeras de segurança, segundo a acusação. O soldado contesta a versão.
Preconceito
“Isso aí é por pura perseguição e preconceito contra as minhas tatuagens, como eu sempre sofri”, diz Coutinho. “Não tem uma imagem de que encontraram essa flor [atrás do extintor]. Essa planta não foi encontrada neste local.”
O soldado diz que retirou a orquídea do jardim para separar uma muda e plantá-la mais tarde em outra área do batalhão. “[O vídeo] mostra realmente eu estou com a planta na mão, porque não tinha nada para esconder. Passei perto de oficiais, tenentes, com a planta na mão”, afirma.
Ele conta que chegou a ser questionado sobre a flor por um coronel, mas não comentou nada sobre o projeto das mudas porque temeu sofrer alguma represália. “Não imaginava que iam fazer isso [abrir o processo]”, diz ele.
No mesmo dia em que o episódio aconteceu, Coutinho foi transferido de batalhão.
Abandono de posto
Além da ação por peculato, o agente também é alvo de outro processo administrativo, por abandono de posto, em abril de 2022. A acusação afirma que ele teria passado cerca de uma hora fora do posto de trabalho enquanto fazia a segurança do Sambódromo do Anhembi, durante o carnaval.
Ele estaria tirando fotos no camarote do local, segundo a acusação. Já Coutinho diz que saiu para utilizar o banheiro do camarote e que, no caminho, algumas pessoas pediram para tirar foto com ele por conhecê-lo das redes sociais.
“Havia autorização para a gente entrar no camarote para ir ao banheiro”, diz.
Em nota, a Polícia Militar afirma que o soldado responde a dois “Conselhos de Disciplina”, processos destinados a declarar a “incapacidade moral” de um agente em permanecer no serviço da Polícia.
“A Polícia Militar do Estado de São Paulo desempenha um papel crucial na manutenção da segurança e ordem pública, e parte fundamental desse compromisso está na garantia da integridade de suas práticas internas”, afirma o texto.
“Cabe ainda esclarecer que os fatos que ensejaram a instauração dos citados Conselhos também estão sendo apurados pela Justiça Militar Estadual”, diz a nota.