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Melissa Barrera se tornou uma das engrenagens mais importantes da saga ‘Pânico’ ao ser escalada como a protagonista do quinto capítulo e, consequentemente, do sexto. A atriz, que havia conquistado a crítica e o público com sua participação no musical ‘Em Um Bairro de Nova York’, provou ser uma atriz bastante versátil e que poderia migrar de um gênero para outro em um piscar de olhos – e sua performance como Sam Carpenter na icônica franquia slasher apenas ajudou a catapultá-la ao estrelato.
Entretanto, Barrera foi demitida do já confirmado sétimo filme após se manifestar nas redes sociais acerca do conflito Israel-Palestina que ocorre há várias décadas e que, agora, está tomando uma proporção ainda maior na mídia mundial. Através das redes sociais, a atriz clamou pela liberdade da Palestina (que, há muito tempo, vem sofrendo ataques constantes por parte do exército israelense), dizendo que entendia essa dor por também ser de um país que foi colonizado por imperialistas. Pouco depois de ter feito a postagem, a Spyglass alegou que Melissa havia propagado um discurso de ódio e antissemita, resolvendo terminar seu contrato e retirá-la, em definitivo, da saga.
Barrera se consagrou como uma ótima scream queen da nova geração – e sua demissão parece não tê-la afetado. Pouco depois da notícia que chocou os fãs da franquia e da atriz, ela se pronunciou acerca da decisão da produtora e disse que “no final das contas, prefiro ser excluída por quem eu incluo, do que ser incluída por quem eu excluo”, mantendo-se fiel aos princípios anti-imperialista que defende – em um momento de divisão político-ideológica que parece distorcer aqueles que defendem a Palestina. Como pudemos ver nos últimos meses, artistas como Noah Schnapp, Amy Schumer e Gal Gadot se pronunciaram publicamente a favor de Israel, mas não foram condenados por visões racistas e islamofóbicas. Aliás, a demissão de Barrera ocorreu pouco depois de Susan Sarandon ser abandonada pela agência que a representava pelo mesmo motivo.
O que a Spyglass e a Paramount Pictures não percebem é que, com a saída de Melissa do elenco, ‘Pânico VII’ pode nem sequer acontecer – e nem deveria. Ora, é notável como Jenna Ortega, Mason Gooding e Jasmin Savoy Brown também se manifestaram a favor do povo palestino e mantém uma relação de íntima amizade com Barrera, com grandes chances de decidirem abandonar o projeto pela inexplicável decisão dos estúdios. E, considerando que Sam Carpenter é a principal chave da narrativa da nova trilogia, tirá-la de jogo é dar um tiro no próprio pé: é notável como o carisma da personagem conquistou os fãs ao redor do planeta e como sua construção arquetípica forneceu uma camada ainda mais profunda para esse universo slasher.
Sam é filha de Billy Loomis (Skeet Ulrich), um dos assassinos que atacou Sidney Prescott (Neve Campbell) no primeiro capítulo da franquia. Afastando-se da família, incluindo a irmã mais nova, Tara (Ortega), ela é constantemente assombrada pelos crimes cometidos pelo pai e por uma sensação de que, de alguma maneira, os traços psicóticos podem estar impregnados em seu interior. À medida que tenta fugir de um passado problemático, Sam é arrastada de volta para Woodsboro após Tara ser brutalmente atacada por um homicida que utiliza a máscara do Ghostface – acreditando que, de alguma maneira, os fantasmas de sua linhagem voltaram para assombrá-la.
A narrativa do quinto e do sexto capítulos da saga tem como ponto de partida a construção de Sam, como já mencionado. Ora, ela é vista como a pária da cidade e, considerando que Richie (Jack Quaid) e Amber (Mikey Madison) resolveram se lançar em uma matança desenfreada apenas para incriminá-la, nada disso teria acontecido se a personagem não existisse. De forma categórica, Sam representa a Sidney da nova geração – e o arco em que navega no filme de 2022 tem repercussões consideráveis no de 2023, visto que ela é perseguida pela família de Richie, que busca vingança.
E isso não é tudo: a construção da protagonista desvia dos convencionalismos de gênero ao colocá-la como alguém que duvida de si mesma – e garantir que certas sequências causem ambiguidade no espectador. É notável como, em ambos os filmes, Sam se vê obrigada a “encarnar” o espírito de Billy para salvar a própria vida e a daqueles que ama, dizendo apenas com um olhar gélido que ela não veio para brincar. No final dos dois longas-metragens, percebemos que a personalidade de Sam não é apenas a de uma mera final girl, mas de alguém que pode ser muito explorada para trazer ainda mais originalidade a um gênero narrativo que, recentemente, se vale de clichês cansativos.
A verdade é que a demissão de Melissa Barrera é a pá de cal para a saga ‘Pânico’. Creio que sua saída impactará na decisão de outros membros de elenco – e causará uma complicação no modo que a narrativa do próximo capítulo será contada. Afinal, como continuar a história sem o motor que a moveu desde o princípio?
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