“Talvez seja o ponto-chave”, diz Torres sobre possível omissão da PMDF em 8/1



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Anderson Torres viu um possível “ponto-chave” da investigação sobre 8 de janeiro de 2023, após questionamentos e apontamentos do presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, Chico Vigilante (PT). O deputado distrital levantou ações da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) detalhadas em depoimento à Polícia Federal (PF).


Torres presta depoimento, na manhã desta quinta-feira (10/8), na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). Chico Vigilante mencionou que a coronel da PMDF Cínthia Queiroz, subsecretária de Operações Integradas da Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF), afirmou que o então comandante da Polícia Militar, coronel Fábio Augusto Vieira, estava preocupado com o efetivo para 8 de janeiro e tentou falar com o Departamento de Operações (DOP).



“O pessoal não respondia. Quando respondia, dizia que a tropa estava chegando, mas nunca chegava. Houve sabotagem? O senhor acredita que o [coronel Jorge Eduardo] Naime ou o [coronel] Paulo José [Ferreira, então comandante do DOP] podem ter retardado a tropa por algum motivo que ainda não sabemos?”, questionou Chico.


Em resposta, Torres avaliou esse como um questionamento fundamental. “É uma afirmação grave. Precisa ser apurado se realmente aconteceu. O comandante precisa ter um comando de toda a tropa dele. Precisa ser esclarecido isso. Talvez seja o ponto-chave, essa pergunta, no âmbito do DF. Ela [Cínthia] conhece, é coronel da polícia, tem 30 anos de polícia. Ela sabe do que está falando.”


Acompanhe ao vivo:


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CPI


No início da sessão, ele repetiu a defesa feita na CPMI do Congresso, e disse que nunca pediu para a Polícia Rodoviária Federal interferir na eleição.


“Minha ordem para a PRF sempre foi desbloquear imediatamente as vias. É um trabalho difícil, porque quando se fecha o país com carretas, pessoas, cordão humano… Mas a ordem sempre foi para desocupar. Até a munição não letal da PRF acabou de tanto material usado para coibir. O ex-presidente fez um vídeo pedindo para desocupar as estradas e acho que foi daí que a coisa começou a fluir melhor”, disse.








































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Depois da oitiva de Torres na CPMI, o diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal durante o governo de Bolsonaro, Silvinei Vasques, acabou preso. Detido nessa última quarta-feira (9/8) pela Polícia Federal, ele é investigado por possível uso da máquina pública para interferir na eleição de 2022.


Silvinei passou a ser alvo de críticas de diferentes órgãos e setores políticos após operações da PRF durante o segundo turno das eleições. As ações, realizadas em diversas estradas, contaram com maior atuação no Nordeste, região em que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) obteve mais votos no primeiro turno.


Torres chegou a se reunir com o ex-diretor da PRF horas após a blitz polêmica do segundo turno, mas defendeu que foi para Salvador para acompanhar a execução de obras da Superintendência da Polícia Federal na Bahia.


Sobre o 8 de Janeiro, o ex-ministro da Justiça e ex-secretário da Segurança do DF afirmou ainda que o planejamento para conter manifestações violentas não foi cumprido.


“Importante ainda relembrar que o Protocolo de Ações Integradas previa o fechamento da Esplanada em alguns casos. O que posso afirmar com toda segurança é que houve falha grave na execução do PAI. Se tivessem cumprido à risca o Plano, os atos de vandalismo do dia 8 de janeiro não teriam sido consumados.”


Acampamento QG


O ex-ministro ainda rebateu informações de militares do Exército em relação à retirada do acampamento golpista em frente ao quartel-general. Torres chegou a afirmar que “tem alguma coisa errada” na versão das Forças Armadas. A Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) já ouviu Gustavo Henrique Dutra de Menezes, ex-chefe do Comando Militar do Planalto (CMP), responsável pela área. Na ocasião, o general Dutra argumentou que o Exército tentou, “o tempo todo, desde o início, desmotivar o acampamento”.


Torres, porém, lembrou de operações da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) mobilizadas para retirar os manifestantes, que acabaram barradas pelas Forças Armadas.


“Não vou comentar o depoimento do general aqui. Mas houve operação com 500 policiais militares ali parados, esperando autorização do Exército para tirar o acampamento. Alguém vir aqui dizer que não agiu, não era atribuição, não estava fazendo, é meio complicado. Precisa ser apurado por essa CPI. A PMDF chegou a tirar 500 policiais para retirar o equipamento, ano passado, e eles é que não permitiram. Tem alguma coisa errada nesse depoimento, com todo respeito. Precisa ser apurado isso aí.”


Anderson Torres também ressaltou que uma operação contra os acampamentos estava marcada e começaria dia 10 de janeiro. “Na minha primeira semana, uma das primeiras medidas que tomei foi para tirar o acampamento dali. Organizar para retirar.”


Torres na CPMI


Acusado de omissão, Torres depôs por mais de oito horas na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8/1, do Congresso Nacional, na última terça-feira (8/9).
































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O ex-ministro utilizou a ocasião para se defender sobre a minuta do golpe: “Em 10 de janeiro, durante uma busca e apreensão em minha casa, a polícia encontrou um texto apócrifo, sem data, uma fantasiosa minuta que vai para a coleção de absurdos, que, constantemente, chegam aos detentores de cargos públicos. Vários documentos vinham de diversas fontes para que fossem submetidos ao ministro”, afirmou.


De acordo com Torres, a proposta era uma “aberração jurídica” e “imprestável para qualquer fim”. O ex-secretário de Justiça também negou ter encaminhado o documento para alguma outra autoridade.


Torres disse que a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) falhou ao não cumprir o protocolo de ações integradas (PAI) elaborado diante dos protestos previstos para a data. Uma das consequências foi a invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, em Brasília.


O ex-secretário confirmou ter assinado o PAI antes de viajar aos Estados Unidos, na sexta-feira (6/1), dois dias antes dos atos antidemocráticos. A estratégia proposta no documento, porém, não foi cumprida pela PMDF, segundo Torres. Ainda assim, ele se recusou a apontar os responsáveis pela falha na execução do plano de segurança.


Veja trecho do depoimento:





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