Lobisomem reinventa clássico com suspense e tensão psicológica
O Lobisomem tornou-se uma figura clássica do cinema em 1941, com o lançamento da obra icônica dirigida por George Waggner. Mais de 80 anos depois, Leigh Whannell assume o desafio de revisitar esse mito, trazendo uma nova abordagem para a criatura metade homem, metade lobo.
Nesta releitura, Whannell opta por se distanciar da carnificina e do banho de sangue que marcaram o clássico original. Em vez disso, ele constrói uma narrativa focada no suspense e no terror psicológico, aprofundando os dilemas humanos e a carga emocional do protagonista.
Na nova trama, Black (Christopher Abbott) retorna à casa de sua infância após 30 anos, motivado pela notícia da morte do pai, que desapareceu misteriosamente em uma floresta. O que deveria ser um reencontro com o passado se transforma em um pesadelo quando antigos fantasmas voltam para assombrá-lo.
Black não está sozinho nessa jornada. Ele é acompanhado pela esposa, Charlotte (Julia Garner), e pela filha, Ginger (Matilda Firth). Contudo, a chegada da família ao local é marcada por eventos aterrorizantes, revelando que os segredos do passado estão longe de ser enterrados.
O diretor Leigh Whannell adota uma abordagem mais voltada ao suspense do que ao terror explícito. Se você espera mortes sangrentas e cenas chocantes, sua expectativa pode não ser atendida. Em vez disso, o cineasta entrega uma narrativa angustiante e psicológica, que explora os dilemas internos do protagonista enquanto ele tenta proteger a filha e manter uma imagem positiva aos olhos dela.
A ambientação sombria é um dos destaques da produção. Passada inteiramente em uma única noite, a estética monocromática e obscura reforça o tom melancólico e claustrofóbico, ecoando a lenda do lobisomem de maneira intimista. Whannell utiliza esses elementos para destacar o lado psicológico do mito, indo além do estereótipo de uma besta selvagem.
Christopher Abbott brilha ao interpretar Black e sua transformação em lobisomem. O processo de mudança do personagem, tanto física quanto emocionalmente, é um dos pontos altos do filme. Whannell conduz essa evolução com maestria, elevando o tom da narrativa à medida que o protagonista luta para equilibrar os lados humano e monstruoso de sua personalidade.
Julia Garner reafirma sua versatilidade, trazendo nuances à personagem Charlotte, que transita entre a preocupação com o marido e a determinação de protegê-lo de uma condição desconhecida. Seus traços característicos como atriz se encaixam perfeitamente na trama, adicionando profundidade à dinâmica familiar.
Matilda Firth, no papel de Ginger, é uma grata surpresa. Sua interação com Abbott entrega momentos emocionantes e simboliza a dualidade entre inocência e monstruosidade. As cenas em que o olhar da criança se cruza com o do lobisomem são particularmente marcantes.
Apesar de algumas falhas no roteiro e do uso de clichês, o filme de Leigh Whannell cumpre o que promete. A frenética tensão construída ao longo dos 100 minutos mantém o público engajado, tornando a experiência cinematográfica envolvente e satisfatória.
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