Por: Jornalista Kelven Andrade
O diretor regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a Europa, Hans Kluge, declarou nesta terça-feira (20/8), em Genebra, que a mpox – doença causada pelo vírus Monkeypox, também conhecida como varíola dos macacos – não deve ser comparada à covid-19, apesar do surgimento de novas variantes e da recente emergência global. Kluge enfatizou que, independentemente de se tratar da nova variante 1, responsável pelo surto atual na África, ou da variante 2, que provocou uma emergência global em 2022, a mpox pode ser controlada com medidas adequadas de saúde pública.
"Sabemos muito sobre a variante 2. Ainda precisamos aprender mais sobre a variante 1. Com base no que sabemos, a mpox é transmitida sobretudo através do contato da pele com as lesões, inclusive durante o sexo”, explicou Kluge. Ele destacou que, na Europa, o continente já demonstrou a capacidade de controlar a doença, lembrando do surto de 2022, que foi contido graças à vigilância rigorosa, investigação dos contatos de pacientes e a promoção de orientações de saúde pública.
Durante o surto de 2022, ações como a mudança de comportamento, estratégias de saúde pública não discriminatórias e a vacinação contra a mpox foram cruciais para conter a disseminação do vírus, especialmente entre grupos mais vulneráveis, como homens que fazem sexo com homens (HSH). No entanto, Kluge alertou que a falta de recursos e comprometimento global permitiu que a doença continuasse circulando, resultando em aproximadamente 100 novos casos da variante 2 a cada mês na Europa.
Com a nova emergência global provocada pela variante 1, Kluge enfatizou a necessidade de renovar os esforços para controlar a variante 2 no continente europeu. Ele propôs o fortalecimento da vigilância, o aprimoramento do diagnóstico de casos e a emissão de recomendações de saúde pública baseadas em evidências científicas, sem incitar medo, estigma ou discriminação.
Outro ponto crucial abordado pelo diretor regional foi a importância de garantir o acesso a vacinas e medicamentos antivirais para as populações de maior risco, de acordo com estratégias específicas. "Mesmo que reforcemos a vigilância contra a nova variante 1, podemos – e devemos – nos esforçar para eliminar a variante 2 do continente de uma vez por todas”, afirmou Kluge.
O diretor da OMS para a Europa também sublinhou a importância de uma resposta coordenada e solidária entre os continentes, especialmente com a África, onde a mpox foi declarada uma emergência continental pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) africano, antes mesmo da declaração global da OMS. Ele concluiu ressaltando a necessidade de ações imediatas e de longo prazo, para enfrentar este "momento crítico" na luta contra a mpox.