A nova denúncia do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) contra Robson Cândido, apresentada à Justiça nesta sexta-feira (5/1), diz que o ex-delegado-geral “enganou” a Divisão de Inteligência da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) para rastrear o carro da jovem com a qual teve um relacionamento amoroso.
De acordo com os promotores de Justiça, no dia 6 de agosto de 2023, Robson Cândido pediu a um delegado da Dipo/PCDF para verificar a “situação supostamente criminosa envolvendo o veículo” de propriedade da ex-namorada. Ele “induziu” ao erro o delegado ao informar que o carro estaria envolvido em “esquema de estelionato relacionado a leilões”.
O delegado, após pedido do chefe, demandou ao plantão da Dipo/PCDF a pesquisa sobre o veículo. O órgão, então, encaminhou as informações envolvendo a propriedade do carro e uma ocorrência policial vinculada à placa.
Em 22 de agosto de 2023, o ex-delegado-geral teria acionado novamente autoridade policial que compõe os quadros da Dipo/PCDF para um levantamento sobre o trajeto percorrido pelo carro. O relatório indicou seis locais por onde o veículo passou, das 11h40 às 12h47 daquele dia.
No mês seguinte, em 6 de setembro, houve uma nova demanda para acesso ao percurso feito pelo veículo nos 30 dias anteriores. O pedido foi repetido nos dias 18, 19 e 20 de setembro. Em 22 de setembro, foi determinada a suspensão das pesquisas.
Na denúncia, o MPDFT diz que Robson Cândido “utilizou indevidamente do acesso restrito usando e enganando o corpo funcional de uma das unidades mais relevantes da instituição”.
“Conforme apurado, Robson se valeu do fato de ser o ocupante do cargo de delegado-geral da PCDF e sonegou da equipe da Divisão de Inteligência Policial as informações sobre suas reais intenções ao colher os dados do veículo da ex-namorada”, afirmaram os promotores de Justiça.
O ex-chefe da PCDF é acusado de cometer os crimes de stalking (perseguição), dano emocional, descumprimento de medida protetiva de urgência, peculato, corrupção passiva, grampo ilegal, violação de sigilo funcional ao usar o sistema do DER-DF por mais de 30 vezes e violação que resultou dano à administração pública, por 96 vezes na Operação Falso Policial, e por outras 58 vezes na Operação Alcateia.
O MPDFT pediu a cassação da aposentadoria de Robson Cândido e a condenação ao pagamento de indenização de pelo menos R$ 70 mil. A denúncia apresentada nesta sexta-feira, no processo público, substitui a anterior, enviada em novembro.