Suspeito de envolvimento com Hezbollah teve negócios no Brasil



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São Paulo — Apontado pela Polícia Federal (PF) como o principal suspeito de recrutar brasileiros para o grupo libanês Hezbollah com o objetivo de promover ataques terroristas, o sírio naturalizado brasileiro Mohamad Khir Abdulmajid tinha negócios no Brasil antes de entrar na mira dos investigadores.


Ele era dono de restaurantes árabes em Brasília, de tabacarias em Minas Gerais e apontado pela defesa de um investigado como um parceiro de intermediação de negócios no Líbano.



Khir foi sócio de um pequeno restaurante de comida libanesa na Asa Norte, em Brasília, que servia pratos da culinária árabe e disponibilizava narguiles para os clientes. O Shisha, nome do estabelecimento, é o único CNPJ em nome dele.


“O restaurante foi dele [Khir] há muito tempo atrás. [A investigação] Não tem nada a ver com o restaurante. O problema é dele”, diz o atual proprietário, que não quis se identificar.


Boa parte das avaliações do Shisha em um site de turismo destaca o mau atendimento no local, embora a comida e o narguile sejam elogiados. Um dos clientes diz que o “dono é meio doido”, enquanto outro afirma que Mohamad é o “cara do pedaço”.


Em Brasília, Mohamad Khir deixou dívidas e processos de cobrança de bancos e de uma proprietária de um imóvel onde também foi dono de um restaurante com parceiros.


Em uma das ações judiciais, foi condenado a pagar R$ 29 mil porque o imóvel onde ficava o restaurante, também de comida árabe, foi devolvido com avarias.




















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Como revelou o Metrópoles, investigadores colocam Khir como principal alvo da Operação Trapiche, deflagrada na semana passada. Segundo a decisão judicial que ordenou as prisões, a “análise conjunta dos elementos apurados pela autoridade policial é indiciária de que Mohamad Khir integra o grupo libanês Hezbollah”.


Como mostrou o programa Fantástico, da TV Globo, investigadores encontraram fotos nas redes sociais nas quais Khir aparecia fardado, em cima de um tanque de guerra, com uma metralhadora, na condição de soldado do Hezbollah em apoio ao Exército do ditador sírio Bashar Al-Assad, durante a guerra civil, em 2016.


Ele passou a ser investigado a partir de 2021, sob suspeita de contrabando, mas a PF acabou suspeitando de envolvimento com o terrorismo. A PF atribui ao grupo a prática de aliciar brasileiros para cometer atentados em troca de dinheiro.


A defesa de um dos investigados presos em São Paulo, Jean Carlos de Souza, nega envolvimento com atos terroristas, mas afirma que ele tinha negócios com Mohamad Khir. Souza alega que viajava muito ao Líbano para intermediar vendas.


Seu advogado, José Roberto Timoteo, afirmou que ele intermediava a compra e venda de café, açucar, e até ouro, e que conheceu Khir em São Paulo.


“O sujeito tem café aqui para vender. Ele vai para o Líbano tentar vender café, açúcar, ouro. Como você faz isso? Se relacionando com libaneses aqui no Brasil. O Jean não fala a língua árabe e reside em Santa Catarina, em Joinville”, afirmou o criminalista.




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