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O ônibus envolvido no grave acidente com um trem de carga no Distrito Federal estava rodando há mais tempo do que o permitido. De acordo com a Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob-DF), o veículo envolvido no acidente tem 8 anos de uso, próximo de completar 9 anos, no final de 2023.
No DF, a renovação da frota de ônibus deve ser feita quando os veículos atingem os 7 anos de utilização, no caso de ônibus básicos e miniônibus. Para ônibus articulados, o limite é de 10 anos.
O ônibus envolvido no acidente é da Viação Marechal. Procurada, a empresa informou que o veículo estava “com todas revisões em dia”.
No dia do acidente, a Marechal lamentou o ocorrido e informou que prestaria apoio aos familiares das vítimas. “Lamentamos profundamente o acidente ocorrido nesta sexta-feira (17) envolvendo um ônibus da nossa empresa e um trem. Nossos assistentes sociais e psicólogos estão comprometidos em acompanhar de perto o caso, assegurando toda a assistência necessária às vítimas e seus familiares.”
Investigação
A colisão aconteceu perto do balão do Setor de Indústria e Abastecimento (SIA) que faz ligação com a Cidade do Automóvel. Testemunhas afirmam que o trem bateu na traseira do ônibus, e Julia de Albuquerque Violato, 37 anos, foi jogada para fora e acabou atingida pelo trem. Ela é a única vítima que morreu até o momento. (Veja abaixo as outras vítimas).
O caso é investigado pela 3ª Delegacia de Polícia (Cruzeiro). O motorista do ônibus, Pedro Domiense Campos, foi ouvido pelos agentes. Ele permaneceu no local do acidente, até ser encaminhado para o hospital, onde prestou depoimento.
Aos policiais, o motorista afirmou que o acidente se deu por causa de um congestionamento e das condições do ônibus. O motorista da Marechal alegou que estava em um engarrafamento quando o trânsito parou “de repente em cima da linha” e ele foi surpreendido pelo trem.
Campos explicou que fazia aquele mesmo trajeto a cada 15 dias. Questionado pelos policiais se não previu que poderia vir um trem na linha e que, inclusive, existe uma sinalização, o motorista disse que “a placa sempre fica lá, a vida toda”. Alegou que o engarrafamento parou na linha, e o ônibus não teve como sair do local.
Veja quem são as vítimas:
- Nildete Antunes Vitor, 58 anos. Estava consciente e orientada, apresentando corte profundo do lado direito da cabeça, fraturas no braço esquerdo e na clavícula direita. Foi transportada para o Hospital de Base de Brasília por meio da aeronave do CBMDF. Segue internada, mas está estável.
- Júlio Botelho Fernandes, 28 anos, cobrador do ônibus, Estava inconsciente e instável. Foi transportado para o Hospital de Base de Brasília com traumatismo cranioencefálico grave. Atualmente, segue internado na UTI.
- Janderson Rodrigues da Costa, 47 anos. Foi transportado pelo SAMU para o Hospital de Base de Brasília consciente e orientado, apresentando escoriações na face e nos braços.
- Uma jovem de 19 anos foi transportada pelo SAMU para o Hospital Regional da Ceilândia sem traumas físicos, apenas com crise nervosa. Saiu do hospital na sexta de noite.
- Pedro Domiense Campos, 42 anos, o motorista do ônibus. Ele estava em estado de choque e em crise nervosa, mas não apresentava ferimentos. Segue acompanhado pela equipe psiquiátrica do Hospital de Base.
- Júlia de Albuquerque Violato, 37 anos, foi a única vítima fatal até o momento.
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Imagens gravadas por testemunhas mostram o exato momento do acidente.
Veja vídeo:
Frota de ônibus vencida
Em outubro deste ano, o Metrópoles mostrou que há 763 ônibus na cidade circulam com validade vencida. São veículos que já ultrapassaram a vida útil e deveriam ter sido substituídos, como parte das obrigações das empresas prestadoras do serviço.
Do total, 423 coletivos pertencem à Expresso São José, e 340 à Auto Viação Marechal. Isso representa mais de 70% da frota total de cada uma dessas empresas, que têm 596 e 478 veículos ao todo, respectivamente. Os números constam em relatórios da Secretaria de Transporte e Mobilidade do DF (Semob).
A data de validade da frota é definida em contrato e varia de acordo com o tipo de veículo. No contrato assinado com a Marechal em 2013, por exemplo, de 10 anos e sob custo de R$ 1,3 bilhão, consta que miniônibus, midiônibus e ônibus básicos não poderiam rodar após sete anos. Já as categorias padron, articulado e biarticulado têm validade de 10 anos.
Atualmente, a Semob é investigada em oito procedimentos extrajudiciais em andamento no Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT). São inquéritos civis, procedimentos preparatórios e administrativos que apuram desde indícios de lesão ao patrimônio público até a não renovação de frotas.
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