Programa capacita mais de 900 voluntários para ajudar vítimas de violência








Funcionários de estabelecimentos, como hotéis e restaurantes, são treinados pelo Sinal Vermelho, com orientações das secretarias da Mulher e de Segurança Pública e das Delegacias Especiais de Atendimento à Mulher

O Governo do Distrito Federal (GDF) trabalha ativamente na prevenção e no combate à violência contra a mulher em todas as esferas da sociedade. Exemplo disto é o programa Sinal Vermelho, que capacita colaboradores de instituições voluntárias para que saibam o que fazer ao se depararem com uma vítima de agressões. Até junho deste ano, 903 funcionários de 34 estabelecimentos participaram do curso.


 
O programa Código de Cooperação e Código Sinal Vermelho foi instituído por decreto em janeiro de 2021 | Foto: Geovana Albuquerque/Agência Brasília


As pessoas capacitadas são prestadores de serviço ou trabalham em estabelecimentos como hotéis, shoppings, condomínios, farmácias, supermercados, restaurantes e lojas de vestuário. Com isso, o objetivo da Secretaria da Mulher, pasta responsável pelo programa, é que o engajamento pelo fim da violência de gênero seja coletiva e que os pontos comerciais estejam aptos a acolher vítimas que pedirem ajuda.



“O nosso objetivo é que as instituições sejam capazes de absorver as vítimas que os procuram e busquem apoio com a segurança pública”
Vandercy Camargos, secretária da Mulher

A secretária da Mulher, Vandercy Camargos, destaca o pioneirismo do GDF em transformar em lei distrital a campanha Sinal Vermelho Contra a Violência Doméstica, difundida pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) e pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).


“O nosso objetivo é que as instituições sejam capazes de absorver as vítimas que os procuram e busquem apoio com a segurança pública”, analisa a gestora.


O Programa de Cooperação e Código Sinal Vermelho foi instituído pelo Decreto nº 41.695, de 7 de janeiro de 2021, que regulamentou a Lei nº 6.713, de 10 de novembro de 2020. Até então, apenas farmácias participavam da campanha.

Arte: Secretaria da Mulher


A confeitaria Dona Zuca Doçaria, na 309 Norte, foi uma das primeiras lojas a participar do programa Sinal Vermelho. Cinco colaboradores receberam o treinamento virtual promovido pela Secretaria da Mulher sobre como acolher as as vítimas de violência que apresentarem um “X” vermelho pintado na mão ou que verbalizarem o pedido de socorro.



Na capacitação, os funcionários são treinados por meio de materiais elaborados pelas secretarias da Mulher e de Segurança Pública e pelas Delegacias Especiais de Atendimento à Mulher. Também é entregue um cartaz que indica que o estabelecimento participa da campanha


A sinalização vermelha na mão é uma orientação de campanhas educativas, para que as mulheres saibam como indicar, ao entrar em algum estabelecimento, um pedido de ajuda em situação de risco à segurança. O sinal de socorro inclusive pode ser pequeno, como um ponto vermelho no dedo ou nas mãos, e os funcionários dos estabelecimentos que participam do curso são orientados a estarem atentos a sinalizações como essas.


“É muito difícil que o agressor deixe a mulher sozinha e, muitas vezes, não são sinais explícitos de socorro. Então, a gente precisa estar atento a comportamentos que indiquem violência”, acrescenta o proprietário do empreendimento, Lucas Ferreira, 32 anos.


Na capacitação, os funcionários são treinados por meio de vídeos tutoriais e cartilha elaborados pelas secretarias da Mulher e de Segurança Pública e pelas Delegacias Especiais de Atendimento à Mulher. Também é entregue um cartaz que indica que o estabelecimento participa da campanha.

 
 “A gente precisa estar atento a comportamentos que indiquem violência”, afirma Lucas Ferreira, proprietário de estabelecimento que participou do curso | Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília


O acolhimento às vítimas deve ser sigiloso e discreto, para não chamar a atenção das pessoas ao redor e, menos ainda, do agressor. Se possível, a vítima deve ser levada para um local seguro até que possa receber atendimento especializado e é indicado que o colaborador anote dados dela, como nome completo, telefone e endereço. Caso a mulher precise sair do local, o voluntário precisa ligar imediatamente para os números de emergência.



“Na medida em que incentivamos e facilitamos as denúncias, as vítimas, ou mesmo amigos, vizinhos e parentes, se sentem motivados a procurar ajuda”
Júlio Danilo, secretário de Segurança Pública do DF

Entre os empreendimentos voluntários do programa Sinal Vermelho no DF, estão o Sesc-DF, Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal (Sinduscon-DF), Associação de Supermercados de Brasília (Asbra) e Parque da Cidade, entre outros pontos comerciais. Representantes ou entidades de estabelecimento comerciais que quiserem aderir à campanha devem enviar e-mail para sinalvermelho@mulher.df.gov.br ou preencher este formulário online.


Ampliação dos canais de denúncia


A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) trata como prioridade o enfrentamento ao feminicídio e à violência de gênero. Em março de 2021, foi lançado o Mulher Mais Segura, programa que reúne medidas, iniciativas e ações de combate aos crimes contra mulheres e fortalecimento de mecanismos de proteção.


Dentro da iniciativa, há o Dispositivo Móvel de Proteção à Pessoa (DMPP), que monitora simultaneamente vítima e agressor, em tempo real, para impedir qualquer aproximação entre eles. E também a ação Viva Flor, que oferece um dispositivo, similar a um celular, para mulheres vítimas de violência doméstica e familiar. Quando acionado, o aparelho envia a localização em tempo real para a Polícia Militar, que envia uma viatura ao local.


“O enfrentamento à violência doméstica é prioridade da atual gestão. Temos uma campanha na SSP chamada Meta a Colher, com a ideia de que em briga de marido e mulher nós devemos, sim, meter a colher”, afirma o secretário de Segurança Pública, Júlio Danilo.


“Ampliamos, ainda, os canais de denúncia, por meio da Delegacia Eletrônica e do Maria da Penha On-Line, da Polícia Civil, que permitem até pedidos de medidas protetivas. Na medida em que incentivamos e facilitamos as denúncias, mostrando que existem ações coordenadas do governo para proteger e acolher, as vítimas, ou mesmo amigos, vizinhos e parentes, se sentem motivados a procurar ajuda”, ressalta o secretário.


Denúncias podem ser feitas para a Central de Atendimento à Mulher, no número 180, e para a Polícia Civil, no formato online (acesse aqui), pelo e-mail denuncia197@pcdf.df.gov.br, pelo telefone 197 – Opção 0 (zero) – ou por WhatsApp, no número (61) 98626-1197. A Polícia Militar atende a população pelo número 190.


Catarina Loiola, da Agência Brasília I Edição: Débora Cronemberger